sábado, 29 de dezembro de 2012

Excesso de lixo e esgoto na Baía de Guanabara. Será esse o nosso legado em 2016?PDFImprimirE-mail
Sex, 28 de Dezembro de 2012 20:17
Aspásia Camargo, presidente da Comissão de Saneamento Ambiental da Alerj, pede ao Estado o mapeamento das ações de despoluição da Baía, as quais ela chama de "colcha de retalhos"

A foto da velejadora Isabel Swan em meio ao esgoto da Baía de Guanabara, publicada dia 28 na coluna do jornalista Ancelmo Góis, no jornal O Globo, mostra que tipo de legado estamos construindo para os Jogos Olímpicos de 2016. Há um movimento de velejadores na mídia e nas redes sociais sugerindo que, nas Olimpíadas, a vela seja disputada em Búzios e não na Baía, como previsto. Os velejadores temem a quantidade de esgoto e lixo que poluem o corpo hídrico. A despoluição da Baía de Guanabara é uma promessa que se arrasta há diversos governos e prometida ao Comitê Olímpico Internacional (COI). Para a deputada Aspásia Camargo, presidente da Comissão de Saneamento Ambiental da Alerj, os projetos de despoluição em curso são modestos e pontuais para fazer valer o compromisso com o COI. 

“O histórico de tentativas vem sendo desastroso, vide o Programa de Despoluição da Baía de Guanabara que gastou mais de dois bilhões de reais, não resolveu em quase nada o problema do esgoto  e acabou em CPI”, lembrou a parlamentar, que foi também membro da Comissão Especial do Legado dos Mega Eventos Esportivos, da Assembleia.  

Aspasia defende o saneamento como legado dos Jogos Olímpicos. "Com a minha lei de política de saneamento temos que enquadrar a CEDAE. Temos que ter uma agência reguladora, metas, objetivos, para que esse desastre do PDGB não continue", completa Aspasia. 

Em abril de 2011, o Governo do Estado lançou o Pacto pelo Saneamento, que promete tratar 80% do esgoto do Rio de Janeiro até 2018. Desde então, a deputada vem pedindo um mapeamento das ações previstas para atingir a meta. Em maio deste ano, Aspásia convidou o coordenador do novo Programa de Saneamento Ambiental dos Municípios do Entorno da Baía de Guanabara (Psam), Gelson Serva, para dar esclarecimentos sobre as ações em curso. Serva explicou que, atualmente, despeja-se 20 mil litros de esgoto por segundo na Baía. Desses, o Psam vai cuidar de 3.750. Cerca de outros cinco mil já são tratados pela infraestrutura do Estado, através da Cedae. Desconhece-se, no entanto, os planos para cuidar de mais da metade do esgoto produzido pelos 8,3 milhões de pessoas das áreas de bacias hidrográficas conectadas à Baía de Guanabara.

"Ninguém consegue explicar o porquê de tantos problemas. Falta de água, desperdício, esgoto não tratado. Como pode?", questiona Aspásia. “Os programas que vêm sendo executados são uma colcha de retalhos. O Estado coloca metas, mas não informa exatamente o que pretende fazer para cumpri-las. O Psam pode até ser mais focado do que o PDBG e, por isso, pode funcionar. Mas é muito modesto para atender as metas olímpicas. Vamos mostrar ao mundo um Rio de Janeiro inundado de lixo? Além da Baía, o Rio se comprometeu com o COI em despoluir também as lagoas da Barra”, alertou a deputada Aspásia Camargo.


PDBG 

Para Aspásia, o saldo nada positivo do PDBG foi resultado de uma aberrante falta de planejamento. Foram quase 15 anos de duração com sete postergações, o que gerou  conseqüências graves, como o afastamento dos agentes financeiros e o programa foi descontinuado depois de mais de R$2 bilhões investidos. “A herança que ficou para o Rio são estações de esgoto inutilizadas, espalhadas pela cidade, muitas áreas com esgotamento ainda precário e, hoje, tanto  a Baía, como boa parte do sistema hidrográfico que nela deságua, permanecem quase mortos”, destacou a deputada.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Torbem Grael critica a situação da Baía de Guanabara


06 de Dezembro de 2012  17h37  atualizado às 18h46
Torben mostrou preocupação com a situação da Baía de Guanabara Foto: Mauro Pimentel / Terra
Torben mostrou preocupação com a situação da Baía de Guanabara
Foto: Mauro Pimentel / Terra
GIULIANDER CARPES
Direto do Rio de Janeiro
Na semana passada, o iatista Torben Grael alertou para uma realidade incômoda para os organizadores dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016: a vela corria o risco de disputar uma prova olímpica na raia mais poluída da história, o que pode arruinar os planos de algum competidor. Convidado para participar da etapa carioca da Extreme Sailing Series, uma espécie de Fórmula 1 dos barcos a vela, o brasileiro voltou a criticar o descaso com a Baía de Guanabara, nesta quinta-feira.
Torben chegou atrasado a um evento na semana passada porque o lixo ficou preso no barco. "Minha preocupação é antecipar um possível problema antes que ele aconteça. Se acontecesse isso dentro dos Jogos seria um grande vexame. O esporte não é bom apenas para medalhas, mas para ajudar outros aspectos", criticou Torben, dono de cinco medalhas olímpicas.
A competição deste final de semana ocorre nas proximidades do Pão de Açúcar, um dos pontos turísticos mais importantes e famosos do Rio de Janeiro. A praia de Botafogo, onde os barcos estão, é uma das mais belas da cidade, mas passa o ano inteiro imprópria para banho por causa da poluição. Torben espera, contudo, que a sujeira não atrapalhe.
"A raia está colocada em um lugar fora do canal por onde passa a maior parte do lixo, que é onde vai ser disputada a Olimpíada. Espero que a gente não tenha lixo boiando por aqui durante o final de semana", disse o brasileiro.
Apesar de tecer críticas sobre um tema que afeta diretamente o governo estadual, Torben defendeu o irmão Axel, duas vezes presidente da Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Feema) - órgão extinto em 2007 e que deu lugar ao Instituto Estadual do Ambiente (Inea) - e eleito recentemente vice-prefeito de Niterói. Axel é aliado do governador Sérgio Cabral.
"Axel é ligado à militância ecológica desde a época de estudante. Tem uma vida de luta neste sentido. Ele tem sim a oportunidade de fazer mudanças importantes em Niterói, assim como o Rio vem sofrendo mudanças", afirmou o velejador.

domingo, 25 de novembro de 2012

"Bloom" de algas na Baía de Guanabara ?

Esta mancha que aparece na fotografia recente do Custódio Coimbra, não parece de óleo. Só vi uma mancha assim tão grande, e próximo a este local,  em março de 1975, por ocasião do derrame de óleo do navio Tarik Ibn Zyiad. Por dever de ofício  sobrevoei a Baía de Guanabara para acompanhar a enorme mancha que seguia em direção à saída da barra e causou muitos estragos pelo caminho, entre eles, nos manguezais da Ilha do Governador. Aquele vazamento foi seis vezes maior do que o último grande, o da Petrobras em 2000.

Pensando no que aquela mancha estaria escondendo, fui dar minha caminhada matinal pelas praias do Saco de São Francisco. Nas Charitas me deparei com  muitas algas lançadas pela maré sobre a areia. Eram algas de folhas pouco espessas e largas, como grandes folhas de alface, de um verde bem escuro. Nas vésperas havia acontecido uma mini ressaca (por maiores que sejam as ressacas, chegam na enseada das Charitas sempre no diminutivo).  E, por muitos dias,  as algas  deslocadas pela força das ondas, estão sendo lançadas na praia. Nunca vi tantas.
Ainda hoje pude fotografar o trabalho dos garis. Disseram que têm retirado quatro caminhões de algas diariamente. Recolhidas e ensacadas manualmente. Reclamaram que deveria ser trabalho para uma máquina,  com o que concordei.
Domingo  não havia algas grandes. Elas eram pequenas, como folhinhas de alface. Não sei se as grandes partidas ou se de outra espécie. Observei algumas com forma de dedinhos além das que parecem fios de cabelo. Lí que “blooms” de algas também podem ser de macroalgas,  reconhecidas por grandes folhas. 
Comecei a imaginar a causa deste “bloom”.  Matéria orgânica e nutrientes não faltam - os esgotos continuam sendo lançados. Seria a indiscutível  maior transparência das águas desta margem da baía, deixando passar mais luz e assim favorecendo a fotosintese? 
Baseada nas minhas observações de leiga e na consultoria dos garis, vou arriscar um palpite no que não entendo. A foto é de um bloom de algas! Vou trocar o ponto de interrogação pelo de exclamação no título deste texto: " Bloom" de algas na Baía de Guanabara!





segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Resíduo hospitalar na praia !








Resíduo hospitalar na praia!

Enquanto caminho nas praias do Saco de São Francisco, gosto de ir pela areia próximo à arrebentação curtindo o som das ondas e a beleza da paisagem.
Mas nem tudo que vejo é bonito. Domingo foi um dos dias em que a CLIN não dá conta de recolher todo o lixo devolvido pelo mar. Pude observar, entre os detritos mais comuns que são os de uso doméstico, como sapatos, tubos de pasta dental e outras embalagens,  lixo de origem hospitalar.
Até posso entender que pessoas de poucos recursos, que moram casas humildes e tem como prioridade conseguir o sustento de sua família, sejam pouco cuidadosas com seu lixo.
Mas um hospital, uma clínica, um posto de saúde? É inadmissível!  
Próximo à foz do Canal da Av. Presidente Roosevelt, recolhi duas seringas, uma delas com a agulha,  várias cartelas contendo comprimidos de  remédios entre eles, Fenobarbital, Amodil, Cinetol (no rótulo: proibida a venda ao comércio) Bromoprida, Tegrex, Convulsan, um envelope fechado de sais para rehidratação oral. Em outra cartela só conseguir identificar a classificação como embalagem hospitalar.
Não sei para que servem esses medicamentos – alguns dentro do prazo de validade -  mas tenho certeza de que há uma forma correta para dispensá-los. Não me conformo que uma instituição, seja ela pública ou privada, que trabalha com a saúde seja tão desleixada com seus resíduos a ponto de contaminar o meio ambiente e causar riscos aos frequentadores das praias.
E não deve ser difícil identificar a  ou as instituições criminosas. Não há muitos hospitais, clínicas ou postos de saúde nos bairros de São Francisco e Cachoeira e que são drenados para aquele Canal pelas águas de chuva.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Baía de Guanabara: Água, esgotos e Jogos Olímpicos



                        
       
Falta muito saneamento ainda na Região Hidrográfica da Baía de Guanabara. Fazendo umas contas rápidas depara-se com uma triste condição: nos  16 municípios que drenam suas águas para a Baía, mais de três milhões de moradores não têm redes de coleta de esgotos nas ruas onde moram. Se três milhões não tem coleta, seguramente os despejos do dobro de pessoas não têm tratamento algum.  Tudo vai para os rios, eles mesmos transformados em valões condutores de esgotos para a Guanabara.
Ruim para a Baía, pior é a situação de um milhão dessas pessoas que ainda não tem nem água tratada nas torneiras. Alem de não terem redes de esgotos, não há rede de distribuição de água para beber nas ruas onde moram. Em pleno século XXI, a maioria serve-se de poços rasos de onde retira água de qualidade duvidosa e, quando pode, defende-se furando alguma adutora que passa perto. Sem se incomodar se a água que furtam é tratada ou não.  Quem vai puni-los?
Alem das graves consequencias para a saúde desses moradores, os efeitos dos esgotos na qualidade das águas da Baía de Guanabara já são conhecidos .  Se nada for feito, esses esgotos farão com que todos nós brasileiros passemos mal nas Olimpíadas. Se não por problemas de saúde decorrentes da falta de saneamento, por  vergonha mesmo.
Ainda dá tempo de nos prepararmos, não para o ouro,  mas para uma performance digna no ranking do saneamento.

domingo, 30 de setembro de 2012

A nossa paisagem


A paisagem é muito mais do queum espaço de terreno que se abrange num lance de vistacomo definida no  Aurélio. Ela tem adjetivos, pode ser urbanarural, árida ou cheia de vida, interior ou marinha , montanhosa ou não e pode ainda ter muitas outras qualidades dependendo do ângulo de visão e  de nosso estado emocional. Pode ser opressiva e  irritante ou aprazível  e até aquela que traz  calma, grandiosa e nos enleva.

Ela é  o somatório do natural, original, com as  alterações que lhe foram feitas pelo homem. Incorpora a cultura à natureza. É  a paisagem  que distingue os ambientesque torna o Rio de Janeiro  diferente de Nova York,  de Brasilia ou de Hong Kong. 

A paisagem de uma  cidade  representa  um valor para os seus habitantes. É um valor subjetivo e  de cálculo difícil, mas profundamente importante.
No Rio de Janeiro, as montanhas junto ao mar, os símbolos e monumentos humanos colocados em locais estratégicos como  o Cristo no Corcovado e  o teleférico no Pão de Açúcar caracterizam uma paisagem ímpar.  As praças, os jardins, os edifícios fazem parte desse conjunto que é uma paisagem de  todos nós,   um bem público e de uso comum . A orla da Baía de Guanabara pertence aos cariocas e fluminenses que a apreciam.

Mas desde os dias em que fazia  clareiras na floresta  para morar, o homem tem se aperfeiçoado nas modificações introduzidas na paisagem natural. Antes temporárias e pontuaisagora as intervenções são cada vez maiores e mais permanentes. As manchas das megalópolis sobre a terra são visíveis do espaço sideral.

Em alguns lugares nos afastamos tanto do ambiente natural que uma criança  pode viver toda a sua vida conhecendo somente apartamentos,   asfalto, a água que sai da torneira, a terra do vaso de plantas e os legumesfrutas do supermercado:  a sua paisagem é a humana..

Sabemos também que a paisagem transcende ao momento  político- administrativo.  A descaracterização na paisagem autorizada por um governo estará presente  para ser avaliada pelas próximas e pelas distantes gerações . Hoje não são mais aceitas as crateras, antes feitas para a exploração do granito, que deixaram  marcas  eternas em algumas de nossas montanhas, como a que  existe no morro do Morcego  em Jurujuba, Niterói.

Cabe a nós cuidar do que gostamos. Devemos estar alertas para impedir que  as  alteração da  nossa paisagem sejam aprovadas sem a nossa participação. 


quarta-feira, 26 de setembro de 2012

domingo, 23 de setembro de 2012

Baía de todos os sonhos – Fernando Gabeira

Baía de todos os sonhos – Fernando Gabeira: A Baía de Guanabara não é um caso perdido. Depois do relativo fracasso daquele financiamento do Banco Mundial, na década de 90, a...

sábado, 22 de setembro de 2012

A governança da Baía de Guanabara

Alem das instituições da estrutura governamental, foram criadas várias  instâncias colegiadas, para gerir a utilização das águas e administrar as atividades que  influenciam a Baía de Guanabara sejam no próprio espelho d`água ou nos  16 municípios da sua região hidrográfica. Algumas contam com  a participação da sociedade civil,  de empresários e de outros usuários das águas.

Dentre os colegiados estão o Conselho Gestor da Baía de Guanabara, no âmbito do Programa Nacional de Gerenciamento Costeiro, o Grupo Executivo de Investimentos da Baía de Guanabara-GEIBG, este governamental, além de organizações de empresários.  Alguns pouco ou nunca funcionaram.

Talvez o mais atuante seja o Comitê da Região Hidrográfica da Baía de Guanabara e dos Sistemas Lagunares de Maricá e Jacarepaguá.  Por imposição do governo, com a justificativa  facilitar a gestão dos recursos hídricos, teve incorporados os apêndices vizinhos.  Como se não bastassem os problemas da própria Baía de Guanabara somaram-se os de bacias hidrográficas contíguas.
  
Na ultima reunião plenária deste Comitê, realizada em 30 de agosto,  assistiu-se a um espetáculo triste, difícil de descrever. Houve de tudo: desde a falta de respeito à Lei de Recursos Hídricos, ao  Regimento Interno do Comitê e até as regras básicas de decoro, de convivência, de civilidade e bons costumes foram ignoradas.  Ganhou quem gritou mais alto, quem participou dos evidentes conchavos em benefício de interesses não pertinentes. Os preceitos contidos nos Planos Diretores de Recursos Hídricos e da Baía de Guanabara foram ostensiva e oficialmente aviltados para desviar recursos.  Documentos produzidos a custos de milhões de reais, resta jogá-los no lixo. Faltou espírito público.

Se continuar assim,  a Baía de Guanabara vai de mal a pior.

Para começar a mudar, moralizar o Comitê da Baía de Guanbara, ter respeito com os membros do plenário e  acabar com os conluios é o mínimo que se pode esperar.

Depois, dizem que muitos cozinheiros estragam a sopa. É urgente adotar um novo modelo de gestão já que os muitos existentes são ineficientes para resolver as graves questões que afligem não só a Baía de Guanabara  mas a todos nós preocupados com a sua performance nas olimpíadas de 2016.  Ela merece e todos os brasileiros também.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Sobre (ou sob) as árvores

Gosto muito das árvores.  Aprecio todas,  acho  bonitas, cada uma a seu jeito.  Há as altivas, altaneiras,  com o tronco ereto parecendo querer  chegar ao céu, como o bacurubu (ou guapuruvu) da nossa Mata Atlântica e ainda as de formas não tão regulares como a acácia imperial que compensa a sua deselegância quando floresce num amarelo dourado acompanhado do cantar das cigarras que abriga em suas raízes durante anos. E os ipês?  De todas as cores são lindosmas o de minha preferência mesmo é o amareloNão me importa se nacionais ou não, gosto de todas as árvores. Adoro estar à  sombra de uma mangueira mesmo sabendo que os europeus a trouxeram da Ásia.
Aprendi a gostar delas ainda na minha infância. Passeava-se com tranqüilidade  pela floresta da Tijuca,  pelas trilhas dos vários morros de Niterói onde podíamos ir observá-las e conhecê-las, uma a uma. 
Hoje tenho muita  pena das  árvores das nossas ruas.
Suas raízes têm que crescer embaixo de calçadas que impermeabilizam o solo impedindo a  infiltração da chuva. O ar poluído  prejudica a sua respiração tanto quanto a nossa e elas não podem fugir, proteger-se, procurar um ar mais limpo como fazemos. Seus troncos são usados como banheiros, são depósitos de lixo e de pontas de cigarro. Sem falar dos paredões de concreto dos edifícios que impedem a passagem do sol de que elas tanto precisam.  E, apesar de tudo, resistem.
São  amendoeiras, oitizeiros, acácias. As ruas de Icaraí foram arborizadas com  algodoeiros de praia  substituídos,  pelo que me contaram,  porque suas flores amarelas quando caíam eram escorregadias como cascas de banana. Hoje é raro vê-los.
Niterói deu exemplos de respeito às árvores de rua.  Há mais de cinqüenta anos, quando alargaram a  rua Miguel de Frias, na  altura do Rio Cricket, os oitizeiros adultos foram transplantados por guindastes para enormes cavas preparadas para recebê-los. E estão até hojeMais recente, a reurbanização de São Francisco manteve as amendoeiras que estavam no meio das duas ruas estreitas, em frente à antiga praia, transformadas agora em uma calçada larga onde elas permanecem, amenizando o calor dos passantes.
Hoje não se tanta consideração por elas. São mal cuidadas e freqüentemente   mutiladas pelas podas em nome da proteção dos fios pendurados pelos postes. E pior, os moradores se sentem ameaçados por elas. Acham que seus troncos grossos e a sombra que fazem à noite  podem esconder bandidos. Em muitos casos estão sendo eliminadas ou substituídas por arbustos ou pequenos jardins, que não dão sombra e ainda  atrapalham a passagem dos pedestres. A sugerida “Sociedade de proteção às árvores, sementes e mudas” poderia cuidar também das maltratadas arvores urbanas.

Dia da árvore

Convencionou-se que o dia 21 de setembro é o dia da árvore.  Dia reservado para pensarmos nelas, nas formas de protegê-las, cuidá-las.
Entre as atividades comemorativas do dia da árvore foi inventada a distribuição de mudas. Distribui-se fartamente desde mudas de aroeiras, goiabeiras, acácias e  ipês até cedro e pau brasil, nos  mais variados lugares como pedágios  nas rodovias,  postos de gasolina e  praças públicas. Doadas indiscriminadamente a quem quiser levar, como  brindes.
Virou moda. Em todos os eventos, para dar um cunho ambiental,  distribui-se mudas de arvores. Não precisa  ser  o dia da árvore, pode ser o da água, do meio ambiente ou outro qualquer. Alguém pensou no destino delas? Aposto quanto quiserem que morrem todas, ou a maior parte delas. imaginaram um jacarandá num apartamento de quarto e sala? Ou um abacateiro num vaso em  uma área de serviço?
Em tempos não muito passados, foi moda distribuir pintinhos recém nascidos, que às vezes eram coloridos, supostamente para agradar as crianças. Morriam todos esmagados pelo excesso de cuidados infantis. E os que sobreviviam aos carinhos iam acabar mesmo na panela.
Há tempos aprendi  num texto da Andréia Fanzeres, no site OECO, o quanto é difícil produzir as  mudas das árvores necessárias para reflorestar e  recompor as grandes áreas de nossa mata perdida.  Desde conseguir as sementes, que hojemenos arvores e as boas matrizes se concentram nos parques e reservas florestais, onde existe restrição à sua coleta. E há também a competição  com outras  utilizações das sementes como  a obtenção de essênciasóleos e a confecção de bijuterias. Existem estudos específicos quanto a este assunto de coleta de sementes. E é coisa séria.
E não basta a semente para se ter uma muda da árvore. Ela precisa ser plantada e tratada cuidadosamente, num ambiente propício,  para que possa germinar e crescer até estar pronta para ser transportada e transplantada. Viveiro de mudas também é assunto sério, e para quem entende.
 Alem do mais, todo este processo, desde a coleta da semente até a muda pronta,  custa muito dinheiro.
Sabemos da necessidade urgente de proteger as nascentes da água que bebemos  recompondo as florestas antes ali existentes.  Sem a vegetação, o solo não retém a água das chuvas, que carreia os sedimentos, que vão  assorear  os rios que acabam transbordando na enxurrada. Para é que as mudas devem irReflorestar os mananciais deve ser prioridade.
Não devemos permitir  que  mudas de árvores sejam desperdiçadas e mortas, como antigamente os pintos, em nome da comemoração de um dia qualquer, muito menos o dia delas!  Elas devem ser tratadas com  respeito, ter o direito de crescer e  transformar-se em árvores  que venham a produzir  suas próprias sementes
Proponho organizar uma Sociedade Protetora das Árvores. Não das adultas. Também de suas  sementes e mudas.

A Guanabara é o ralo para onde escoam as águas das chuvas depois de lavar o chão de 16 municípios do seu entorno. Recebe a sujeira através dos rios que nascem límpidos nas serras e se transformam nos valões fedidos que conhecemos na baixada. Nela vão parar pneus, sofás, sapatos, sacos plásticos, tudo que se pode imaginar. Nosso grande desafio, mais do que limpá-la, é parar de sujá-la.

Mas as soluções existem e a Olimpíada de 2016 é uma grande oportunidade para nos unirmos e mostrarmos competência. Vamos fazer em quatro anos o que outros países levaram 50, como a recuperação do Rio Tâmisa, na Inglaterra, ou da Baía de Tóquio, no Japão. Precisamos dar destino ambientalmente correto ao lixo e aos esgotos domésticos de quase 10 milhões de pessoas. E estes, são assuntos nossos e de nossos governos.

Dos 16 municípios, três registram IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) comparável aos dos países com alto desenvolvimento humano. Outros, entretanto, situam-se entre os últimos dos 91 municípios do Estado do Rio de Janeiro. Na distribuição de água potável, coleta e tratamento de esgotos sanitários, as disparidades não são menores. Quanto ao lixo, muito ainda precisa ser feito. Está na hora de implantarmos a coleta seletiva na origem – nas nossas casas. E de aprendermos a produzir menos lixo.

Não podemos deixar a responsabilidade desta missão só para o governo, que já anuncia investimentos na área. Na Guanabara, estão portos, aeroportos, estaleiros, refinarias e terminais de petróleo e gás, instalações militares e nela se realizam a pesca, a aquicultura, o transporte de passageiros, atividades turísticas, esportes como a vela e a recreação nas praias que necessitam de uma governança. Os representantes de todos estes interesses, como cidadãos, querem e merecem participar desta virada olímpica.