domingo, 25 de novembro de 2012

"Bloom" de algas na Baía de Guanabara ?

Esta mancha que aparece na fotografia recente do Custódio Coimbra, não parece de óleo. Só vi uma mancha assim tão grande, e próximo a este local,  em março de 1975, por ocasião do derrame de óleo do navio Tarik Ibn Zyiad. Por dever de ofício  sobrevoei a Baía de Guanabara para acompanhar a enorme mancha que seguia em direção à saída da barra e causou muitos estragos pelo caminho, entre eles, nos manguezais da Ilha do Governador. Aquele vazamento foi seis vezes maior do que o último grande, o da Petrobras em 2000.

Pensando no que aquela mancha estaria escondendo, fui dar minha caminhada matinal pelas praias do Saco de São Francisco. Nas Charitas me deparei com  muitas algas lançadas pela maré sobre a areia. Eram algas de folhas pouco espessas e largas, como grandes folhas de alface, de um verde bem escuro. Nas vésperas havia acontecido uma mini ressaca (por maiores que sejam as ressacas, chegam na enseada das Charitas sempre no diminutivo).  E, por muitos dias,  as algas  deslocadas pela força das ondas, estão sendo lançadas na praia. Nunca vi tantas.
Ainda hoje pude fotografar o trabalho dos garis. Disseram que têm retirado quatro caminhões de algas diariamente. Recolhidas e ensacadas manualmente. Reclamaram que deveria ser trabalho para uma máquina,  com o que concordei.
Domingo  não havia algas grandes. Elas eram pequenas, como folhinhas de alface. Não sei se as grandes partidas ou se de outra espécie. Observei algumas com forma de dedinhos além das que parecem fios de cabelo. Lí que “blooms” de algas também podem ser de macroalgas,  reconhecidas por grandes folhas. 
Comecei a imaginar a causa deste “bloom”.  Matéria orgânica e nutrientes não faltam - os esgotos continuam sendo lançados. Seria a indiscutível  maior transparência das águas desta margem da baía, deixando passar mais luz e assim favorecendo a fotosintese? 
Baseada nas minhas observações de leiga e na consultoria dos garis, vou arriscar um palpite no que não entendo. A foto é de um bloom de algas! Vou trocar o ponto de interrogação pelo de exclamação no título deste texto: " Bloom" de algas na Baía de Guanabara!





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A Guanabara é o ralo para onde escoam as águas das chuvas depois de lavar o chão de 16 municípios do seu entorno. Recebe a sujeira através dos rios que nascem límpidos nas serras e se transformam nos valões fedidos que conhecemos na baixada. Nela vão parar pneus, sofás, sapatos, sacos plásticos, tudo que se pode imaginar. Nosso grande desafio, mais do que limpá-la, é parar de sujá-la.

Mas as soluções existem e a Olimpíada de 2016 é uma grande oportunidade para nos unirmos e mostrarmos competência. Vamos fazer em quatro anos o que outros países levaram 50, como a recuperação do Rio Tâmisa, na Inglaterra, ou da Baía de Tóquio, no Japão. Precisamos dar destino ambientalmente correto ao lixo e aos esgotos domésticos de quase 10 milhões de pessoas. E estes, são assuntos nossos e de nossos governos.

Dos 16 municípios, três registram IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) comparável aos dos países com alto desenvolvimento humano. Outros, entretanto, situam-se entre os últimos dos 91 municípios do Estado do Rio de Janeiro. Na distribuição de água potável, coleta e tratamento de esgotos sanitários, as disparidades não são menores. Quanto ao lixo, muito ainda precisa ser feito. Está na hora de implantarmos a coleta seletiva na origem – nas nossas casas. E de aprendermos a produzir menos lixo.

Não podemos deixar a responsabilidade desta missão só para o governo, que já anuncia investimentos na área. Na Guanabara, estão portos, aeroportos, estaleiros, refinarias e terminais de petróleo e gás, instalações militares e nela se realizam a pesca, a aquicultura, o transporte de passageiros, atividades turísticas, esportes como a vela e a recreação nas praias que necessitam de uma governança. Os representantes de todos estes interesses, como cidadãos, querem e merecem participar desta virada olímpica.