segunda-feira, 11 de março de 2013


Leilão será realizado para a retirada de embarcações da Baía de Guanabara

  • De 53 mapeadas, apenas 10 carcaças abandonadas foram removidas
LÍVIA NEDER (FACEBOOK·TWITTER)
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Pedaços do navio de grande porte que está afundado há anos na entrada do canal de São Lourenço, na Baía de Guanabara, dificultando a navegação. Olhando de fora não dá para imaginar as proporções da imensa embarcação
Foto: Fotos de Pedro Teixeira
Pedaços do navio de grande porte que está afundado há anos na entrada do canal de São Lourenço, na Baía de Guanabara, dificultando a navegação. Olhando de fora não dá para imaginar as proporções da imensa embarcação Fotos de Pedro Teixeira
Das 53 embarcações abandonadas às margens da Baía de Guanabara, em Niterói — mapeadas desde 2011 com promessa do governo estadual de retirada para a melhoria da navegação e das condições ambientais —, apenas dez de madeira foram removidas pela Secretaria de Estado do Ambiente até agora. Um leilão será realizado no fim deste mês para que 41 carcaças de aço sejam arrematadas e retiradas do mar. Contudo, um representante do setor naval afirma que, no Brasil, não há interesse econômico na compra desse material e prevê que o governo encontre dificuldades na venda.
Segundo o secretário do Ambiente, Carlos Minc, a princípio, foi priorizada a retirada das embarcações que obstruíam a passagem no Canal de São Lourenço, que passará por obras de dragagem para a reativação do Centro Integrado de Pesca Artesanal (Cipar). A SEA programou a remoção de mais duas embarcações do canal até o dia 15.
— No levantamento, constatamos mais de 50 embarcações espalhadas em diversos pontos do entorno da baía, na região de Niterói. Vamos retirar todas, mas tivemos que priorizar as 12 que estavam em frente ao Cipar. A dragagem vai ser feita pelo Ministério da Pesca. Os estaleiros também deram recursos, porque têm interesse na melhoria da navegação. Agora essas outras 41 carcaças de aço vão a um leilão público, no final do mês, em lote único. Quem arrematar terá um prazo até o final do primeiro semestre para retirá-las e ficar com o valor delas. Nós tiramos as estruturas podres, que não valem nada — disse Minc.
Diretor Operacional da Nitshore, que administra o Porto de Niterói, George Raptidis afirma que a retirada das carcaças é de grande interesse do setor naval, mas não acredita que aparecerão interessados nesse leilão:
—Essas embarcações abandonadas e afundadas na baía atrapalham muito as manobras dos barcos, oferecendo risco para a navegação. O problema é que se elas fores a leilão dificilmente serão arrematadas, já que o quilo desse aço no Brasil vale menos de R$ 0,10, enquanto para cortar o aço é gasto mais de R$ 1 o quilo.
No mês passado, o ministro da Pesca e Aquicultura, Marcelo Crivella, assinou um convênio com a prefeitura e o Inea para dragagem do Canal de São Lourenço. Na ocasião foi prometida a liberação de R$ 15 milhões.


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A Guanabara é o ralo para onde escoam as águas das chuvas depois de lavar o chão de 16 municípios do seu entorno. Recebe a sujeira através dos rios que nascem límpidos nas serras e se transformam nos valões fedidos que conhecemos na baixada. Nela vão parar pneus, sofás, sapatos, sacos plásticos, tudo que se pode imaginar. Nosso grande desafio, mais do que limpá-la, é parar de sujá-la.

Mas as soluções existem e a Olimpíada de 2016 é uma grande oportunidade para nos unirmos e mostrarmos competência. Vamos fazer em quatro anos o que outros países levaram 50, como a recuperação do Rio Tâmisa, na Inglaterra, ou da Baía de Tóquio, no Japão. Precisamos dar destino ambientalmente correto ao lixo e aos esgotos domésticos de quase 10 milhões de pessoas. E estes, são assuntos nossos e de nossos governos.

Dos 16 municípios, três registram IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) comparável aos dos países com alto desenvolvimento humano. Outros, entretanto, situam-se entre os últimos dos 91 municípios do Estado do Rio de Janeiro. Na distribuição de água potável, coleta e tratamento de esgotos sanitários, as disparidades não são menores. Quanto ao lixo, muito ainda precisa ser feito. Está na hora de implantarmos a coleta seletiva na origem – nas nossas casas. E de aprendermos a produzir menos lixo.

Não podemos deixar a responsabilidade desta missão só para o governo, que já anuncia investimentos na área. Na Guanabara, estão portos, aeroportos, estaleiros, refinarias e terminais de petróleo e gás, instalações militares e nela se realizam a pesca, a aquicultura, o transporte de passageiros, atividades turísticas, esportes como a vela e a recreação nas praias que necessitam de uma governança. Os representantes de todos estes interesses, como cidadãos, querem e merecem participar desta virada olímpica.