Das 53 embarcações abandonadas às margens da Baía de Guanabara, em Niterói — mapeadas desde 2011 com promessa do governo estadual de retirada para a melhoria da navegação e das condições ambientais —, apenas dez de madeira foram removidas pela Secretaria de Estado do Ambiente até agora. Um leilão será realizado no fim deste mês para que 41 carcaças de aço sejam arrematadas e retiradas do mar. Contudo, um representante do setor naval afirma que, no Brasil, não há interesse econômico na compra desse material e prevê que o governo encontre dificuldades na venda.
Segundo o secretário do Ambiente, Carlos Minc, a princípio, foi priorizada a retirada das embarcações que obstruíam a passagem no Canal de São Lourenço, que passará por obras de dragagem para a reativação do Centro Integrado de Pesca Artesanal (Cipar). A SEA programou a remoção de mais duas embarcações do canal até o dia 15.
— No levantamento, constatamos mais de 50 embarcações espalhadas em diversos pontos do entorno da baía, na região de Niterói. Vamos retirar todas, mas tivemos que priorizar as 12 que estavam em frente ao Cipar. A dragagem vai ser feita pelo Ministério da Pesca. Os estaleiros também deram recursos, porque têm interesse na melhoria da navegação. Agora essas outras 41 carcaças de aço vão a um leilão público, no final do mês, em lote único. Quem arrematar terá um prazo até o final do primeiro semestre para retirá-las e ficar com o valor delas. Nós tiramos as estruturas podres, que não valem nada — disse Minc.
Diretor Operacional da Nitshore, que administra o Porto de Niterói, George Raptidis afirma que a retirada das carcaças é de grande interesse do setor naval, mas não acredita que aparecerão interessados nesse leilão:
—Essas embarcações abandonadas e afundadas na baía atrapalham muito as manobras dos barcos, oferecendo risco para a navegação. O problema é que se elas fores a leilão dificilmente serão arrematadas, já que o quilo desse aço no Brasil vale menos de R$ 0,10, enquanto para cortar o aço é gasto mais de R$ 1 o quilo.
No mês passado, o ministro da Pesca e Aquicultura, Marcelo Crivella, assinou um convênio com a prefeitura e o Inea para dragagem do Canal de São Lourenço. Na ocasião foi prometida a liberação de R$ 15 milhões.