segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Resíduo hospitalar na praia !








Resíduo hospitalar na praia!

Enquanto caminho nas praias do Saco de São Francisco, gosto de ir pela areia próximo à arrebentação curtindo o som das ondas e a beleza da paisagem.
Mas nem tudo que vejo é bonito. Domingo foi um dos dias em que a CLIN não dá conta de recolher todo o lixo devolvido pelo mar. Pude observar, entre os detritos mais comuns que são os de uso doméstico, como sapatos, tubos de pasta dental e outras embalagens,  lixo de origem hospitalar.
Até posso entender que pessoas de poucos recursos, que moram casas humildes e tem como prioridade conseguir o sustento de sua família, sejam pouco cuidadosas com seu lixo.
Mas um hospital, uma clínica, um posto de saúde? É inadmissível!  
Próximo à foz do Canal da Av. Presidente Roosevelt, recolhi duas seringas, uma delas com a agulha,  várias cartelas contendo comprimidos de  remédios entre eles, Fenobarbital, Amodil, Cinetol (no rótulo: proibida a venda ao comércio) Bromoprida, Tegrex, Convulsan, um envelope fechado de sais para rehidratação oral. Em outra cartela só conseguir identificar a classificação como embalagem hospitalar.
Não sei para que servem esses medicamentos – alguns dentro do prazo de validade -  mas tenho certeza de que há uma forma correta para dispensá-los. Não me conformo que uma instituição, seja ela pública ou privada, que trabalha com a saúde seja tão desleixada com seus resíduos a ponto de contaminar o meio ambiente e causar riscos aos frequentadores das praias.
E não deve ser difícil identificar a  ou as instituições criminosas. Não há muitos hospitais, clínicas ou postos de saúde nos bairros de São Francisco e Cachoeira e que são drenados para aquele Canal pelas águas de chuva.

A Guanabara é o ralo para onde escoam as águas das chuvas depois de lavar o chão de 16 municípios do seu entorno. Recebe a sujeira através dos rios que nascem límpidos nas serras e se transformam nos valões fedidos que conhecemos na baixada. Nela vão parar pneus, sofás, sapatos, sacos plásticos, tudo que se pode imaginar. Nosso grande desafio, mais do que limpá-la, é parar de sujá-la.

Mas as soluções existem e a Olimpíada de 2016 é uma grande oportunidade para nos unirmos e mostrarmos competência. Vamos fazer em quatro anos o que outros países levaram 50, como a recuperação do Rio Tâmisa, na Inglaterra, ou da Baía de Tóquio, no Japão. Precisamos dar destino ambientalmente correto ao lixo e aos esgotos domésticos de quase 10 milhões de pessoas. E estes, são assuntos nossos e de nossos governos.

Dos 16 municípios, três registram IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) comparável aos dos países com alto desenvolvimento humano. Outros, entretanto, situam-se entre os últimos dos 91 municípios do Estado do Rio de Janeiro. Na distribuição de água potável, coleta e tratamento de esgotos sanitários, as disparidades não são menores. Quanto ao lixo, muito ainda precisa ser feito. Está na hora de implantarmos a coleta seletiva na origem – nas nossas casas. E de aprendermos a produzir menos lixo.

Não podemos deixar a responsabilidade desta missão só para o governo, que já anuncia investimentos na área. Na Guanabara, estão portos, aeroportos, estaleiros, refinarias e terminais de petróleo e gás, instalações militares e nela se realizam a pesca, a aquicultura, o transporte de passageiros, atividades turísticas, esportes como a vela e a recreação nas praias que necessitam de uma governança. Os representantes de todos estes interesses, como cidadãos, querem e merecem participar desta virada olímpica.