quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Sobre (ou sob) as árvores

Gosto muito das árvores.  Aprecio todas,  acho  bonitas, cada uma a seu jeito.  Há as altivas, altaneiras,  com o tronco ereto parecendo querer  chegar ao céu, como o bacurubu (ou guapuruvu) da nossa Mata Atlântica e ainda as de formas não tão regulares como a acácia imperial que compensa a sua deselegância quando floresce num amarelo dourado acompanhado do cantar das cigarras que abriga em suas raízes durante anos. E os ipês?  De todas as cores são lindosmas o de minha preferência mesmo é o amareloNão me importa se nacionais ou não, gosto de todas as árvores. Adoro estar à  sombra de uma mangueira mesmo sabendo que os europeus a trouxeram da Ásia.
Aprendi a gostar delas ainda na minha infância. Passeava-se com tranqüilidade  pela floresta da Tijuca,  pelas trilhas dos vários morros de Niterói onde podíamos ir observá-las e conhecê-las, uma a uma. 
Hoje tenho muita  pena das  árvores das nossas ruas.
Suas raízes têm que crescer embaixo de calçadas que impermeabilizam o solo impedindo a  infiltração da chuva. O ar poluído  prejudica a sua respiração tanto quanto a nossa e elas não podem fugir, proteger-se, procurar um ar mais limpo como fazemos. Seus troncos são usados como banheiros, são depósitos de lixo e de pontas de cigarro. Sem falar dos paredões de concreto dos edifícios que impedem a passagem do sol de que elas tanto precisam.  E, apesar de tudo, resistem.
São  amendoeiras, oitizeiros, acácias. As ruas de Icaraí foram arborizadas com  algodoeiros de praia  substituídos,  pelo que me contaram,  porque suas flores amarelas quando caíam eram escorregadias como cascas de banana. Hoje é raro vê-los.
Niterói deu exemplos de respeito às árvores de rua.  Há mais de cinqüenta anos, quando alargaram a  rua Miguel de Frias, na  altura do Rio Cricket, os oitizeiros adultos foram transplantados por guindastes para enormes cavas preparadas para recebê-los. E estão até hojeMais recente, a reurbanização de São Francisco manteve as amendoeiras que estavam no meio das duas ruas estreitas, em frente à antiga praia, transformadas agora em uma calçada larga onde elas permanecem, amenizando o calor dos passantes.
Hoje não se tanta consideração por elas. São mal cuidadas e freqüentemente   mutiladas pelas podas em nome da proteção dos fios pendurados pelos postes. E pior, os moradores se sentem ameaçados por elas. Acham que seus troncos grossos e a sombra que fazem à noite  podem esconder bandidos. Em muitos casos estão sendo eliminadas ou substituídas por arbustos ou pequenos jardins, que não dão sombra e ainda  atrapalham a passagem dos pedestres. A sugerida “Sociedade de proteção às árvores, sementes e mudas” poderia cuidar também das maltratadas arvores urbanas.

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A Guanabara é o ralo para onde escoam as águas das chuvas depois de lavar o chão de 16 municípios do seu entorno. Recebe a sujeira através dos rios que nascem límpidos nas serras e se transformam nos valões fedidos que conhecemos na baixada. Nela vão parar pneus, sofás, sapatos, sacos plásticos, tudo que se pode imaginar. Nosso grande desafio, mais do que limpá-la, é parar de sujá-la.

Mas as soluções existem e a Olimpíada de 2016 é uma grande oportunidade para nos unirmos e mostrarmos competência. Vamos fazer em quatro anos o que outros países levaram 50, como a recuperação do Rio Tâmisa, na Inglaterra, ou da Baía de Tóquio, no Japão. Precisamos dar destino ambientalmente correto ao lixo e aos esgotos domésticos de quase 10 milhões de pessoas. E estes, são assuntos nossos e de nossos governos.

Dos 16 municípios, três registram IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) comparável aos dos países com alto desenvolvimento humano. Outros, entretanto, situam-se entre os últimos dos 91 municípios do Estado do Rio de Janeiro. Na distribuição de água potável, coleta e tratamento de esgotos sanitários, as disparidades não são menores. Quanto ao lixo, muito ainda precisa ser feito. Está na hora de implantarmos a coleta seletiva na origem – nas nossas casas. E de aprendermos a produzir menos lixo.

Não podemos deixar a responsabilidade desta missão só para o governo, que já anuncia investimentos na área. Na Guanabara, estão portos, aeroportos, estaleiros, refinarias e terminais de petróleo e gás, instalações militares e nela se realizam a pesca, a aquicultura, o transporte de passageiros, atividades turísticas, esportes como a vela e a recreação nas praias que necessitam de uma governança. Os representantes de todos estes interesses, como cidadãos, querem e merecem participar desta virada olímpica.