sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

A TV NO "STAND UP"


Recentemente  a fotografia de um aparelho de TV no “stand up” de uma renomada  esportista fez sucesso nas redes sociais. A imagem resume a perplexidade e a preocupação da sociedade com a imundície da Baía de Guanabara, prestes a ser palco de eventos internacionaisis
Encontrada boiando na Baía, aquela TV não foi deixada na praia.  Já inútil, certamente foi jogada em algum terreno baldio ou em um dos muitos depósitos de lixo que, embora assim ditos, nada têm de clandestinos. Estão para quem quiser ver, espalhados por todo canto na Região Hidrográfica da Baía de Guanabara. 
São muitos os rios que levam suas águas para a Baía. Ela é um estuário onde eles deságuam trazendo tudo que encontram pelo caminho. Não precisa ser jogado neles. Na hora das enxurradas – e como elas são comuns no nosso verão – a água  leva tudo que encontra, tudo mesmo, para os rios e eles se encarregam de desaguá-los na nossa pobre Baía.
Embora culpados pela sujeira, eles só  transportam para ela o que fica espalhado pelo chão

Suas margens mostram a falta de serviços eficientes de limpeza urbana – coleta, destino final, orientação aos moradores e fiscalização de irregularidades.  São centenas de pneus, toneladas de entulho de obras muito lixo domiciliar espalhados pelas ruas ou escondidos em baixo das pontes dos 16 municípios em torno da Baía. Ficam  lá até a próxima enxurrada,  quando,  todos sabemos o que acontece e onde vão parar

Enquanto não tivermos coleta regular, destino final adequado de resíduos, acompanhados de campanhas e programas educativos envolvendo as 10 milhões de pessoas – de todas as classes sociais - que moram na Região, as unidades de tratamento de rios, as eco barreiras, os barcos de coleta de lixo, servirão apenas para camuflar a situação para os nossos visitantes.  Não resolverão o problema, pois não atuam nas causas.  O lixo continuará chegando à Baía.  Passados a copa e as olompiadas, o custo dessas soluções paliativas será pago pelos mesmos moradores que continuarão a conviver com as deficiências de saneamento:  lixo, moscas, ratos e mau cheiro.  Será que a população merece este legado ?

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A Guanabara é o ralo para onde escoam as águas das chuvas depois de lavar o chão de 16 municípios do seu entorno. Recebe a sujeira através dos rios que nascem límpidos nas serras e se transformam nos valões fedidos que conhecemos na baixada. Nela vão parar pneus, sofás, sapatos, sacos plásticos, tudo que se pode imaginar. Nosso grande desafio, mais do que limpá-la, é parar de sujá-la.

Mas as soluções existem e a Olimpíada de 2016 é uma grande oportunidade para nos unirmos e mostrarmos competência. Vamos fazer em quatro anos o que outros países levaram 50, como a recuperação do Rio Tâmisa, na Inglaterra, ou da Baía de Tóquio, no Japão. Precisamos dar destino ambientalmente correto ao lixo e aos esgotos domésticos de quase 10 milhões de pessoas. E estes, são assuntos nossos e de nossos governos.

Dos 16 municípios, três registram IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) comparável aos dos países com alto desenvolvimento humano. Outros, entretanto, situam-se entre os últimos dos 91 municípios do Estado do Rio de Janeiro. Na distribuição de água potável, coleta e tratamento de esgotos sanitários, as disparidades não são menores. Quanto ao lixo, muito ainda precisa ser feito. Está na hora de implantarmos a coleta seletiva na origem – nas nossas casas. E de aprendermos a produzir menos lixo.

Não podemos deixar a responsabilidade desta missão só para o governo, que já anuncia investimentos na área. Na Guanabara, estão portos, aeroportos, estaleiros, refinarias e terminais de petróleo e gás, instalações militares e nela se realizam a pesca, a aquicultura, o transporte de passageiros, atividades turísticas, esportes como a vela e a recreação nas praias que necessitam de uma governança. Os representantes de todos estes interesses, como cidadãos, querem e merecem participar desta virada olímpica.